O novo álbum de Shabaka Hutchings é focado na flauta e sinaliza uma evolução radical em sua jornada musical.

Os álbuns de Shabaka Hutchings sob seu próprio nome (Afrikan Culture em 2022 e agora em 2024 com Perceive its Beauty, Acknowledge its Grace), representam uma mudança radical no trabalho deste músico de instrumentos de sopro baseado em Londres. Desde 2009, quando se juntou ao The Heliocentrics para colaborar com o pioneiro do jazz etíope Mulatu Astatke, Hutchings se destacou em projetos que combinam jazz espiritual dos anos 70 com uma ampla gama de influências e uma energia festiva e cativante.

Em grupos proeminentes como Sons of Kemet e The Comet Is Coming, seu saxofone tenor contribuiu com uma marca ousada tanto no jogo rítmico quanto na clareza melódica. Enquanto isso, os dois álbuns como Shabaka and the Ancestors sugeriam uma direção mais introspectiva. Uma mudança muito mais marcante ocorreu com Afrikan Culture, em parte impulsionada pela transição de Shabaka do saxofone para flautas de madeira.

O artista, que começou no clarinete quando criança, adquiriu primeiro um shakuhachi (flauta de madeira japonesa) em 2019, e quando o mundo parou com a pandemia de 2020, ele a tocava frequentemente, e silenciosamente, no Richmond Park de Londres. Em seguida, ele adicionou ao seu arsenal flautas drones maias e teotihuacanas, pífanos brasileiros e quenas dos Andes.

Enquanto Afrikan Culture foi criado em paralelo com seus grupos impulsionados pelo saxofone, o lançamento de Perceive its Beauty, Acknowledge its Grace coincide com uma pausa desses outros projetos, permitindo-lhe concentrar-se totalmente na música introspectiva de flauta. Como em seus trabalhos anteriores, o novo disco claramente se inspira no gênero do jazz espiritual, com influências evidentes de artistas como Alice Coltrane, Don Cherry e Pharoah Sanders. Mas agora, ele combina essa influência com a sensação flutuante dos álbuns de flauta da era new age dos anos 80, criando uma fusão única de estilos. Embora tanto o jazz espiritual quanto a música new age muitas vezes apresentem faixas longas e de evolução lenta, as composições de Hutchings neste novo álbum são geralmente curtas, com várias faixas durando menos de três minutos, proporcionando uma experiência auditiva mais concisa e intensa.

Transitioning.

Shabaka

Perceive its Beauty, Acknowledge its Grace conta ainda com o apoio de convidados cujos antecedentes ilustram a amplitude de ideias e influências do mesmo. Isso vai desde artistas de jazz como Jason Moran e Brandee Younger até rappers como Saul Williams e Elucid. Além disso, seu colega devoto da flauta, André 3000, talvez inevitavelmente, participa da faixa “I’ll Do Whatever You Want”, ao lado do produtor eletrônico Floating Points e da lenda da música experimental, Laraaji.

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