Qobuzissime

Nosso projeto Qobuzissime tem como propósito destacar álbuns que injetam nova vitalidade no cenário musical. É uma ocorrência rara encontrar um músico tão jovem capaz de contribuir com algo fresco para a longeva conversa em torno da música clássica. No entanto, aos 27 anos, Julius Asal alcançou exatamente isso com seu segundo álbum, Scriabin - Scarlatti.

Domenico Scarlatti e Alexander Scriabin são separados por dois séculos. São vidas e épocas que dificilmente poderiam ser mais distintas. Scarlatti nasceu em Nápoles no final do século XVII e já se destacava como um dos principais representantes de seu gênero em vida. Por outro lado, Scriabin cresceu em Moscou por volta de 1900, onde sua música não apenas refletia o modernismo russo, mas também importantes influências espirituais e filosóficas. Apesar das aparentes diferenças de estilo e época entre os dois compositores, Julius Asal nos conduz a acreditar que, musicalmente, os dois estão entrelaçados.

O jovem pianista revela uma profundidade musical e filosófica que é rara no cenário contemporâneo. Para além de suas habilidades técnicas excepcionais e notável expressão musical, é sua perspicácia artística que diferencia Julius Asal de seus pares, garantindo-lhe com justiça um contrato com a Deutsche Grammophon. Sua dedicação à organização de concertos e à seleção de repertório é essencial para seu sucesso, e este projeto não é diferente. “Você tem a oportunidade de criar um novo contexto e novas interpretações para uma obra que já foi tocada por séculos”, explica Asal, “permitindo que essas obras sejam apreciadas sob uma nova luz, sem perder sua essência própria”.

No cerne do álbum está a monumental Sonata para Piano No. 1 Op. 6 em Fá Menor de Scriabin, uma obra inicial do compositor que já sugere a riqueza e maturidade características de suas composições posteriores. Asal complementa este ponto central com peças adicionais de Scriabin, incluindo seleções dos 24 Préludes, Op. 11, e das 12 Études, Op. 8. Além disso, seis sonatas para teclado de Scarlatti são apresentadas, cada uma interpretada com autenticidade, capturando a essência de ambos os períodos. No entanto, o destaque não oficial sem dúvida repousa nas duas composições originais de Asal, TRANSITION I e II, que se fundem perfeitamente com o restante do programa, acentuando o caráter único e pessoal do álbum. Uma conquista magistral para o jovem pianista e um Qobuzissime para nós!